sexta-feira, 28 de novembro de 2025
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Mulheres não percebem direito de sonhar, diz professora

Redação DDBNews
Redação DDBNews EM 28 DE NOVEMBRO DE 2025, ÀS 08:39

Viajar para o exterior é um sonho distante para muitas mulheres no país, e isso não se deve apenas a questões financeiras. O contexto social e a ausência de estímulos para sonhar são fatores que também influenciam essa realidade. Juliana Kaiser, professora e doutoranda em Gênero e Sexualidade, destaca que muitas mulheres, especialmente as negras e que vivem em áreas periféricas, não são incentivadas a sonhar durante a infância e juventude. Para ela, essa falta de incentivo se reflete em uma sub-representação em espaços de decisão, como universidades e no Parlamento, criando um impacto simbólico negativo. Se uma mulher não vê outras como ela em posições de destaque, pode chegar a acreditar que aqueles lugares não são para ela.

Um estudo chamado “Os Sonhos Delas”, realizado pela ONG Think Olga, revelou que 70% das mulheres brasileiras sentem que a possibilidade de sonhar e alcançar um futuro seguro e com oportunidades se torna cada vez mais difícil à medida que crescem. Além disso, 46% das entrevistadas afirmaram que a discriminação afeta suas vidas, tornando o caminho para a realização pessoal ainda mais desafiador.

Juliana teve que superar diversas dificuldades para conquistar seu doutorado. Após passar por uma cirurgia que a deixou sem andar por um mês, ela precisou de um acompanhamento intensivo. Sua trajetória exigiu não apenas dedicação acadêmica, mas também resistência física e emocional. Durante mais de dois anos, Juliana trabalhou na elaboração de um projeto em inglês e buscou pesquisadores no Reino Unido dispostos a estudá-lo.

Desde jovem, Juliana buscou a independência financeira e, encorajada pelos pais, enfrentou situações de exclusão. Aos 19 anos, decidiu viajar sozinha pela Europa durante três meses, o que lhe abriu os olhos para novas possibilidades. Essa experiência a motivou a levar seus alunos, em sua maioria mulheres, para conhecer diferentes culturas artísticas ao redor do mundo.

Juliana reflete que, ao longo de sua jornada, percebeu que o acesso a oportunidades internacionais é um valor social. Sua primeira experiência fora do país foi transformadora, pois ajudou-a a compreender que viver essa diversidade é crucial para ampliar horizontes e possibilidades de atuação profissional.

A trajetória de Juliana é um exemplo de como, ao romper barreiras, se abre espaço para outras mulheres. Hoje, ela retorna à Inglaterra para o doutorado pela quarta vez, com o objetivo de explorar novas vivências.

Para dar suporte a mulheres em situações semelhantes, Juliana e a planejadora financeira Luciana Ikedo lançaram em outubro o projeto “Conexões pelo Mundo”. A iniciativa levará um grupo de mulheres brasileiras a Londres, onde participarão de uma imersão focada em carreira, finanças e autoconhecimento. Além de visitar locais icônicos, as participantes terão acesso a palestras sobre educação financeira e práticas de autodesenvolvimento. Ao final da viagem, cada mulher produzirá um relato que será compilado em um livro coletivo.

O objetivo é que cada participante retorne com a sensação de que tem espaço e voz no mundo. Juliana acredita que, ao avançar em suas carreiras, as mulheres podem inspirar outras a acreditar em suas próprias possibilidades de conquista.

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