Órgãos policiais, administrativos e ambientais estão investigando a morte de Gerson de Melo Machado, um jovem de 19 anos, que foi atacado por uma leoa no zoológico de João Pessoa, na Paraíba, neste domingo (30). Gerson, que tinha deficiência intelectual e transtornos mentais, invadiu o recinto do animal após escalar uma parede de mais de seis metros.
De acordo com a prefeitura, a equipe de segurança do zoológico tentou impedir a escalada de Gerson, mas não conseguiu. Ele ultrapassou as grades de proteção e se pendurou em uma árvore antes de descer na área onde a leoa estava. Testemunhas relataram que, enquanto ainda estava na árvore, foi atacado pelo animal na parte inferior do corpo. A perícia apontou que os ferimentos fatais ocorreram na região do pescoço. O corpo do jovem apresentava marcas de garras e presas, mas a leoa não ingeriu nenhuma parte dele.
Gerson tinha um histórico de vulnerabilidade. Desde a infância, ele foi acompanhado pelo conselho tutelar, após ter sido encontrado caminhando sozinho em uma rodovia aos 10 anos. Sua mãe, que sofria de esquizofrenia, perdeu a tutela dos filhos. Gerson, o mais velho entre cinco irmãos, acabou não sendo adotado e teve passagens pela polícia, incluindo um incidente em que lançou um paralelepípedo contra uma viatura da Polícia Militar na semana anterior ao ataque.
Ele tinha aspirações incomuns e, em várias ocasiões, expressou o desejo de ir para a África para cuidar de leões. Em uma tentativa de cumprir esse desejo, chegou a tentar entrar no trem de pouso de um avião, sendo flagrado por câmeras de segurança no aeroporto. Gerson recebeu atendimento na rede municipal de saúde desde a infância e, após completar 18 anos, passou a ser atendido pelo Centro de Atenção Psicossocial (Caps) da cidade. De acordo com a diretora do Caps, ele enfrentava dificuldades em aderir aos tratamentos e a falta de uma rede de apoio afetou seu acompanhamento.
Gerson tinha frequentado o Caps em dezembro de 2024, mas não manteve a continuidade do tratamento, levando a equipe a realizar buscas até seu retorno em junho deste ano. Após apresentar um quadro instável, foi levado a um hospital psiquiátrico no Recife e, em novembro, voltou ao Caps, onde recebeu acolhimento. A última visita dele ao serviço foi na quinta-feira (27).
Ainda não foram divulgadas informações sobre o velório de Gerson. A Polícia Civil investiga o caso e mencionou a possibilidade de suicídio.
Após o ataque, a leoa, chamada Leona, ficou estressada, mas recebeu atendimento e se recuperou. O zoológico informou que a leoa respondeu aos comandos dos tratadores e não precisou de tranquilizantes. A equipe técnica continuará monitorando o animal nos próximos dias, e a possibilidade de sacrificar Leona não está em pauta.
Atualmente, o Parque Zoobotânico Arruda Câmara está fechado para visitação enquanto a investigação continua. O local já recebeu a visita de diversas autoridades, incluindo técnicos da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, da Polícia Civil e do Ibama. O zoológico afirmou que todos os órgãos competentes estão trabalhando juntos para assegurar a transparência e a segurança necessárias nas próximas etapas do processo.