Gerson de Melo Machado, conhecido como “Vaqueirinho”, foi um jovem de 19 anos que enfrentou diversas dificuldades ao longo da vida, culminando em sua morte após ser atacado por uma leoa no Parque da Bica, em João Pessoa, Paraíba. Gerson tentou se aproximar da animal em busca de uma experiência fora do comum, mas sua história traz à tona questões sérias sobre o cuidado e o tratamento de pessoas com problemas de saúde mental.
Os problemas de Gerson começaram cedo, com seu primeiro registro de dificuldades comportamentais aos quatro anos de idade. Ele cresceu sem o apoio da figura paterna e sua mãe, que sofria de esquizofrenia, foi destituída do poder familiar. Isso resultou em múltiplas tentativas de acolhimento, mas Gerson permaneceu sem uma família estável. Durante sua adolescência, ele foi apreendido diversas vezes e, ao atingir a maioridade, passou por um período de vulnerabilidade ainda maior, vivendo nas ruas.
Os conselhos tutelares e profissionais da saúde pública tentaram oferecer suporte a Gerson ao longo dos anos, mas as dificuldades persistiram. Em 2023, um laudo psiquiátrico diagnosticou Gerson com esquizofrenia, mas ele já havia passado por uma série de crises, internações e tentativas de socorro que não resultaram em um tratamento eficaz.
Gerson foi levado a um sistema de acolhimento e reabilitação, mas seu envolvimento com a criminalidade e as constantes fugas mostraram que ele precisava de uma intervenção mais rigorosa. Ele manifestava, de diversas formas, sua necessidade de ajuda, mas frequentemente saía dos serviços de apoio ou não comparecia. Recentemente, ele havia buscado documentos para obter uma carteira de trabalho e havia uma determinação judicial para sua avaliação psiquiátrica, visando a aposentadoria por incapacidade.
Após a sua morte, a reação da sociedade foi intensa, revelando a falta de apoio e de um sistema eficaz de saúde mental que pudesse ter prevenido essa tragédia. As autoridades afirmam que Gerson era um caso que exigia mais atenção e cuidado do que o sistema foi capaz de oferecer.
Médicos e especialistas na área de saúde mental destacam que o estado falhou em proporcionar a Gerson direitos básicos, como um tratamento adequado e uma vida digna. Eles argumentam que políticas públicas mais eficazes são essenciais para evitar que jovens como Gerson sejam deixados à própria sorte, lutando contra doenças mentais em condições adversas e isolados.
No dia do ataque, a leoa, chamada Leona, também foi um ponto de discussão. Enquanto ela tinha um lar adequado e cuidados, Gerson andava sem proteção, mostrando a disparidade de cuidados entre seres humanos e animais em situações semelhantes. O caso de Gerson sinaliza uma necessidade urgente de reforma nas políticas de saúde mental e assistência social no país, visando garantir que ninguém mais enfrente a solidão e o descaso que marcaram sua vida.