A aliança entre o deputado Hugo Motta, do Republicanos, e o PT da Paraíba, que visa a candidatura de seu pai, Nabor Wanderley, ao Senado, enfrenta sérios problemas. A tensão entre Motta e o presidente Lula tem aumentado, especialmente com a proximidade das eleições.
Desde que assumiu a presidência da Câmara, Motta vem se esforçando para garantir a candidatura de seu pai, o atual prefeito de Patos, Nabor. O plano é que eles integrem a chapa do governador João Azevedo, do PSB. Para isso, contam com o apoio de Lula, que recebeu 66,6% dos votos na Paraíba nas últimas eleições.
No entanto, a concorrência é forte. O senador Veneziano do Rêgo, do MDB, também está de olho em apoio do PT para sua reeleição. Após desentendimentos entre Motta e líderes do PT a nível nacional, Veneziano se aproximou do partido local e ainda fez alianças com o prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena. Ele acredita que Lula já se comprometeu a apoiá-lo.
A chapa de Azevedo contará com Nabor e o vice-governador Lucas Ribeiro, que busca a reeleição. Algumas fontes afirmam que o PT já faz parte da base do governador e que o natural seria manter a aliança em 2026. Contudo, as recentes desavenças de Motta com o governo Lula complicaram essa situação.
Um dos principais pontos de tensão foi a escolha de Motta em nomear o deputado Guilherme Derrite, do PP, como relator de um projeto importante na área de segurança pública, o que gerou descontentamento no Palácio do Planalto. Além disso, houve uma forte reação contra a PEC da Blindagem, que visava proteger parlamentares de processos enquanto não houvesse aprovação do Congresso. A proposta, amplamente rejeitada, ainda gerou protestos que tiveram Motta como alvo, aumentando o desgaste com o PT.
Cida Ramos, presidente do PT da Paraíba, afirmou que a situação cria dificuldades para apoiar a candidatura de Nabor. Embora ainda não tenha ocorrido uma discussão formal sobre o apoio do PT à chapa de Nabor, a tensão persiste.
Aliados de Lula afirmam que é importante evitar a formação de uma “chapa dupla” que poderia enfraquecer a presença do petista no estado. Apesar das tentativas de Motta de se reaproximar do governo federal até o final do ano, a relação se deteriorou, especialmente após a escolha de Derrite.
A desconfiança entre Motta e o governo aumentou nos últimos meses, principalmente após a pautação de um projeto legislativo em defesa de mudanças no IOF. Motta tem reclamado de ataques nas redes sociais e se ausentou de eventos oficiais como forma de expressar descontentamento.
Interlocutores de Motta afirmam que, embora ele deseje o apoio de Lula, é o presidente quem precisa do apoio da Câmara para avançar com seus projetos. O deputado já teria buscado conversar com petistas em Brasília sobre os ataques que acredita terem origem no Planalto.
Até o momento, Motta não respondeu a pedidos de comentário sobre a situação. Seus aliados afirmam que o apoio do PT e de Lula à candidatura de Nabor será um assunto para 2026 e que a rutura com o líder do PT na Câmara não deve impactar a situação na Paraíba.