A cidade de Belém passou a implementar ações de saúde pública visando adaptar seus serviços às mudanças climáticas. Essas medidas foram discutidas e aprovadas durante a Conferência das Partes (COP 30) e têm o objetivo de prevenir doenças provocadas por alterações no clima.
O Ministério da Saúde anunciou um investimento de R$ 9,8 bilhões para adequar o Sistema Único de Saúde (SUS) às novas diretrizes. Os recursos serão utilizados para construir novas unidades de saúde e adquirir equipamentos que suportem as mudanças climáticas. Além disso, a Associação Brasileira de Refrigeração, Ar-Condicionado, Ventilação e Aquecimento (ABRAVA) também está se comprometendo com essas iniciativas, destacando a importância de transformar edifícios — principalmente hospitais — em ambientes saudáveis.
Essa mudança é necessária, pois, segundo o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, um em cada 12 hospitais no mundo desafia suas atividades devido a eventos climáticos extremos. Para enfrentar essa realidade, o Ministério lançou o “Guia Nacional de Unidades de Saúde Resilientes”, que orienta sobre a construção de unidades básicas de saúde (UBS) e hospitais para que possam resistir a essas situações adversas. O guia está integrado ao Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC Saúde) e sugere estruturas robustas, com sistema de energia e água autônomos, além de segurança adequada.
A qualidade do ar é uma preocupação crescente. Durante a COP 30, foi revelado que o calor extremo tem causado a morte de 550 mil pessoas por ano. Os representantes da ABRAVA esperam que novos protocolos para melhorar a qualidade do ar interno sejam parte integral das diretrizes de resiliência. A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) já trouxe à tona a importância dessas questões, salientando que o aumento da temperatura desde os anos 1990 foi alarmante.
A receita global por equipamentos de refrigeração, como ar-condicionado, deve triplicar até 2050, de acordo com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). Isso ocorre em razão de ondas de calor extremo, crescimento populacional e aumento do poder aquisitivo. Para garantir que essas demandas sejam atendidas de forma sustentável, o setor se organiza com a ABRAVA trabalhando para tornar os equipamentos mais acessíveis e eficientes.
Outro aspecto crítico é a situação das escolas. Cerca de 20 milhões de estudantes, educadores e trabalhadores estão em salas de aula sem climatização, enfrentando cada vez mais o calor intenso. A ministra do Meio Ambiente abordou a necessidade de climatizar as escolas e já há o compromisso do Ministério da Educação em desenvolver uma política para isso, visando tornar os ambientes escolares mais resistentes às altas temperaturas.
Profissionais da área enfatizam que, assim como cuidamos da água e dos alimentos, é essencial cuidar da qualidade do ar que respiramos. A climatização de espaços internos é crucial para a saúde pública e qualidade de vida das pessoas, um ponto que será cada vez mais discutido em várias esferas.