O governador da Paraíba, João Azevêdo Lins, fez um pronunciamento polêmico durante a abertura do “Midiacom”, um evento que reuniu profissionais da comunicação em João Pessoa para discutir o futuro da mídia no país. Sua declaração, que instava a imprensa a escolher um lado, gerou preocupações sobre o papel do jornalismo.
Azevêdo comentou que a mídia deveria se posicionar de forma clara, indicando quem apoia e quem critica. Essa visão levanta questões sobre a independência dos veículos de comunicação, sugerindo que a busca por equilíbrio pode, de alguma maneira, ser vista como desonestidade. Essa interpretação, conforme especialistas na área, é problemática.
O papel do jornalismo é mediar informações e interesses, garantindo que a voz da sociedade seja ouvida em assuntos que afetam a vida coletiva. É fundamental que a imprensa atue para o interesse público, sem se preocupar em agradar a políticos ou partidos. O compromisso do jornalismo deve ser com a verdade e a transparência, características que sustentam a credibilidade da informação.
Durante o evento, que contou com a presença de jornalistas e estudantes, a expectativa era de que o governador solicitasse um foco especial no interesse público por parte da mídia. Essa é uma solicitação essencial que precisa ser feita por representantes do governo, mesmo quando se sabe que a crítica é parte do trabalho da imprensa. O equilíbrio entre diferentes opiniões não é omissão, mas uma prática necessária para garantir a informação ao cidadão.
O jornalista, ao investigar e questionar, desempenha um papel essencial na proteção do direito à informação confiável. Embora cada profissional tenha suas preferências pessoais, a busca pelo equilíbrio é uma luta contínua na concepção do jornalismo. Desde sua origem, esse campo enfrenta pressões políticas e econômicas, e aqueles que superam essas dificuldades buscam sempre o melhor para a sociedade.
Quando se sugere que a imprensa declare um lado, a ideia pode enfraquecer a pluralidade, transformando-a em um mecanismo que favorece determinados interesses. Isso é ainda mais crítico em regiões onde a dependência de publicidade oficial torna alguns veículos mais suscetíveis à influência de políticos, o que pode comprometer a capacidade de crítica e denúncia.
A imprensa não deve confundir seu papel com o de assessoria de comunicação; é vital que trate autoridades como pessoas a serem fiscalizadas, não como clientes a serem agradados. Um jornalismo equilibrado, mesmo que em meio a erros e divergências, protege a integridade das notícias, evitando que sejam moldadas por interesses momentâneos.
É importante notar que os textos de opinião possuem caráter subjetivo e são diferentes das reportagens que buscam uma cobertura imparcial. Manter o equilíbrio na reportagem é essencial para colocar o cidadão no centro das questões abordadas. Um veículo que se submete a pressões políticas perde sua função social e, consequentemente, sua liberdade.
Defender o equilíbrio é, na verdade, uma forma de defesa da sociedade e do direito à informação. Essa postura é o que garante que a mídia permaneça a serviço do público, ajudando a compreender o mundo de forma mais clara e abrangente.