O corpo de Gerson de Melo Machado, de 19 anos, foi sepultado na manhã desta segunda-feira, 1º de dezembro, no Cemitério do Cristo Redentor, em João Pessoa, Paraíba. Gerson morreu no domingo após entrar na jaula de uma leoa, em um incidente trágico que chocou a cidade. Para ajudar a família em situação de vulnerabilidade, a Prefeitura de João Pessoa cobriu todos os custos do velório e do sepultamento.
A administração municipal organizou todo o processo, que incluiu a retirada do corpo do Instituto de Polícia Científica (IPC) e o transporte dos familiares, que residem em um município próximo. A prefeitura destacou que esse auxílio é parte de um serviço dedicado a pessoas em situação de vulnerabilidade.
A família de Gerson enfrentou uma série de dificuldades ao longo de sua vida, retratando uma realidade de abandono e pobreza extrema. Ele cresceu em um ambiente familiar com problemas de saúde mental. Sua mãe, que sofre de esquizofrenia, e seus avós também enfrentaram dificuldades semelhantes. Essa situação foi apontada pela conselheira tutelar Verônica Oliveira, que conheceu Gerson há cerca de oito anos.
Verônica relata que Gerson foi levado ao Conselho Tutelar pela Polícia Rodoviária Federal quando tinha apenas 10 anos, após ser encontrado sozinho em uma rodovia. Desde então, ele passou a fazer parte da rede de proteção à infância. Com o passar dos anos, o jovem frequentemente se viu sem o apoio necessário, mesmo após ter perdido o poder familiar da mãe. Ela afirmava não conseguir cuidar dele em razão de sua própria condição mental.
Gerson, apesar de estar em abrigo, frequentemente procurava a mãe e sonhava com uma vida diferente. Ele tentava voltar para perto dela, buscando um vínculo que, assim como seus irmãos, ele não conseguiu estabelecer com uma nova família adotiva. Para Verônica, a dificuldade em encontrar adoção se deve ao fato de que muitos preferem crianças sem qualquer tipo de transtorno, o que torna a situação ainda mais delicada para jovens como Gerson.
Desde pequeno, Gerson tinha o sonho de viajar para a África e “domar leões”. Este desejo, muitas vezes mencionado em conversas com a equipe do Conselho Tutelar, levou a episódios preocupantes. Um dos mais graves ocorreu quando ele tentou acessar clandestinamente um avião, em uma tentativa de realizar seu sonho. Verônica até compartilhou a experiência nas redes sociais, enfatizando a preocupação com sua segurança.
Policiais que lidaram com Gerson confirmam que o jovem frequentemente falava sobre seu sonho e, mesmo com várias passagens por pequenas infrações, demonstrava uma determinação peculiar quanto a suas ambições. Ele costumava dizer que faria a viagem “a pé”, sem compreender a real distância que o separava de seu objetivo. Essa realidade traz à tona a complexidade da vida de um jovem que lutou contra adversidades desde cedo.