A teledramaturgia nacional, especialmente as novelas da Globo, é marcada por grandes autores que deixaram sua marca registrada na televisão. Cada um deles contribuiu de forma única para a narrativa e a cultura do país, e suas obras ainda são lembradas e admiradas.
Um dos nomes mais icônicos é Manoel Carlos, conhecido por suas histórias que exploram o cotidiano e as relações humanas. Suas protagonistas costumam se chamar Helena, um símbolo de suas tramas, que conectam diferentes narrativas de forma harmônica. As novelas de Manoel Carlos retratam a classe média, especialmente do Leblon, abordando questões do dia a dia com um toque de realismo. Suas tramas possuem antagonistas sutis, onde a maldade surge nas relações familiares e no ambiente social. O autor se destaca pela mistura de linguagens, combinando a formalidade da língua culta com o tom coloquial. Suas obras, que sempre atraíam audiências, permitiram que muitas famílias se reunissem para acompanhar suas narrativas.
Outro importante autor é Benedito Ruy Barbosa, que se destacou por trazer as histórias do campo para a televisão. Suas novelas, como “Renascer” e “O Rei do Gado”, abordam tradições familiares, dramas sociais e a relação do homem com a terra. Ele se inspira em narrativas épicas, e seus enredos geralmente focam na construção de grandes núcleos familiares, refletindo os valores tradicionais do Brasil rural. Seu estilo é tão significativo que suas obras continuam a ser adaptadas e recontadas por novos autores.
Gilberto Braga, por sua vez, ficou famoso por criar novelas urbanas repletas de mistério e glamour. Seus enredos são conhecidos por causar suspense e por criticar a elite carioca de forma sofisticada. Braga explorava questões sociais e morais, envolvendo o público em tramas intrigantes que frequentemente abordavam temas complexos.
Dias Gomes é lembrado por sua coragem em trazer questões sociais e críticas à censura para a televisão. Sua obra mais famosa, “O Bem-Amado”, foi a primeira telenovela em cores da Globo, e “Roque Santeiro” se tornou um marco por abordar a moralidade sob a censura militar. Dias introduziu o anti-herói nas tramas, oferecendo uma visão mais próxima do cotidiano brasileiro, com um toque de realismo mágico.
Aguinaldo Silva é outro autor que conquistou o público com suas histórias repletas de personagens femininas fortes e vilãs memoráveis. Seus enredos frequentemente misturam realismo e elementos fantásticos, fazendo uso do melodrama e do folhetim.
Silvio de Abreu é um dos autores mais reconhecidos por ter deixado sua marca no horário das 19h e no horário nobre, combinando elementos de humor e mistério. Ele é conhecido por suas tramas cheias de reviravoltas e críticas à sociedade, explorando temas como ascensão social e corrupção. Suas obras frequentemente trazem personagens carismáticos e diálogos marcantes, o que mantém a audiência presa.
Glória Perez, por sua vez, se destaca por pegar as novelas como uma plataforma para discutir questões sociais e culturais. Ela introduz temas relevantes como tráfico humano, clonagem e inclusão de deficientes físicos. As tramas de Perez frequentemente viajam pelo mundo, destacando culturas diversas e gerando discussões na sociedade.
Walcyr Carrasco, um dos autores mais prolíficos, transita facilmente entre comédia e drama. Ele é reconhecido pela habilidade de equilibrar romance e temas sociais, trazendo à tona discussões sobre prostituição, drogas e a vida na moda. Carrasco também foi responsável por uma das primeiras cenas de beijo homossexual na televisão brasileira, além de misturar o realismo mágico em suas histórias.
Esses autores e suas obras não apenas entreteram o público, mas também contribuíram para moldar a cultura e a sociedade brasileira, criando personagens e bordões que permanecem na memória coletiva. As novelas são um verdadeiro patrimônio cultural, que continuam a influenciar novas gerações de roteiristas. Nos próximos meses, novas vozes da teledramaturgia poderão surgir, prometendo continuar essa rica tradição.