Nos últimos 50 anos, a TV Globo se tornou famosa por não estrear novelas no mês de dezembro. Embora não exista uma regra escrita que proíba essas estreias, a prática é seguida rigorosamente e se baseia em uma série de fatores relacionados à audiência e ao comportamento do público.
Tradicionalmente, dezembro é um mês com muitas mudanças na rotina das pessoas. As férias escolares, as festas de Natal e Réveillon, além de viagens e confraternizações, fazem com que os telespectadores passem menos tempo em casa. Por causa disso, a audiência da televisão cai, especialmente no chamado horário nobre, que é quando as novelas costumam ser exibidas. Essa queda de audiência é um dos principais motivos pelos quais a Globo evita lançar novas histórias neste período.
O pesquisador e crítico Nilson Xavier explica que as novelas exigem tempo para que o público se conecte com os personagens e as tramas. Essa conexão emocional não acontece rapidamente, levando semanas de exibição para ser estabelecida. Em dezembro, com tantas distrações, as pessoas ficam menos propensas a se dedicar a uma nova novela, o que pode resultar em uma recepção morna.
Se a emissora decidir estrear uma novela neste mês, ela enfrenta dois riscos significativos: primeiro, a tendência geral de audiência em baixa e, segundo, a falta de tempo para que o público desenvolva um apego à nova trama antes do recesso de final de ano.
Como resultado, a Globo normalmente opta por antecipar as estreias para o final de novembro ou, quando possível, adiar os lançamentos para janeiro ou fevereiro, quando as pessoas retornam às suas rotinas habituais.
Apesar de algumas exceções ao longo da história, como estréias nos anos 60 e 70, a programaçao atual mostra que o padrão é realmente evitar debuts em dezembro. O mercado televisivo como um todo adota essa abordagem; outras emissoras também enfrentam dificuldades ao tentar lançar novelas neste mês. Os casos de baixo desempenho incluem tentativas de estreia da Record e do SBT em temporadas passadas.
Assim, o consenso entre as emissoras é que dezembro é mais adequado para encerrar tramas, exibir reprises ou especiais natalinos, ao invés de introduzir narrativas que necessitam de continuidade e comprometimento do público.