Na quinta-feira, dia 27, foi lançado o projeto ‘Virando a Página’ na Penitenciária Desembargador Sílvio Porto, em João Pessoa. Essa iniciativa é uma parceria entre a Secretaria de Estado da Administração Penitenciária e o Tribunal de Justiça da Paraíba, visando a reinserção social de pessoas que cumprem pena. O evento contou com uma aula inaugural para um grupo de reeducandos, que teve a oportunidade de refletir sobre como a leitura pode transformar suas vidas.
Atualmente, as 62 unidades prisionais da Paraíba contam com 215 educadores, entre professores, pedagogos e terapeutas ocupacionais, dedicados ao ensino no sistema prisional. O Estado também possui 56 bibliotecas, com aproximadamente 38 mil livros, incluindo vários clássicos da literatura brasileira. A leitura é apresentada como um meio de promoção de reflexão e mudança de comportamento, proporcionando uma nova visão de mundo.
O projeto ‘Virando a Página’ utiliza a leitura de livros e a discussão de suas temáticas como ferramentas para a ressocialização dos reeducandos. A cada livro lido, que geralmente é seguido de uma resenha ou debate, o participante tem a chance de obter remição da pena. Além disso, o projeto busca fomentar a discussão sobre direitos humanos, cidadania, gênero e violência doméstica, todos temas relevantes para a sociedade.
João Rosas, gerente de Ressocialização do Sistema Penitenciário da Paraíba, destacou a importância da educação dentro desse contexto, enfatizando que o projeto é um passo importante para melhorar a ressocialização. Inicialmente, 15 pessoas participarão da iniciativa, com planos de expansão para outras unidades prisionais no futuro.
A juíza Graziela Queiroga, coordenadora da Mulher no Tribunal de Justiça, falou sobre o impacto da educação no combate à violência contra a mulher. Segundo ela, trabalhar com homens em situação de privação de liberdade é uma estratégia importante para abordar o tema da violência doméstica e promover a paz social.
Durante a aula inaugural, os reeducandos foram incentivados a refletir sobre suas ações e sobre o que os levou à prisão, com foco no acolhimento e entendimento de sua situação. Nilda Vaz, professora envolvida no projeto, ressaltou que é fundamental que os participantes percebam a possibilidade de mudança em suas vidas através da leitura.
Gerliane Dayse, também professora do projeto, afirmou acreditar no poder transformador da educação. Ela destacou que o ‘Virando a Página’ não apenas propõe discussões sobre a literatura, mas também provoca as pessoas a refletirem sobre suas próprias atitudes e a sociedade em que vivem.
O projeto abordará temas de perspectiva de gênero, direitos humanos e violência doméstica, alinhando-se às diretrizes do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e à Lei de Execução Penal. A aula inaugural foi parte da Semana Justiça pela Paz em Casa.
O evento contou com a presença de autoridades, incluindo o presidente do Conselho Penitenciário do Estado, Jean Nunes, e outros representantes da segurança pública e da justiça, que manifestaram apoio à iniciativa.